quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Àquele que viveu intensamente



Esse pequeno texto dedico ao meu avô, pela vida difícil porém de grandes frutos.


Obrigada você, que me ensinou, literalmente, a subir escadas. Degrau por degrau. Você, padrinho, que me inclinou na pia batismal para que eu recebesse o nome de sua mãe: Leticia, o qual carrego com muito orgulho.

Das lembranças que eu tenho de você as mais vivas estão na minha infância. Lembro-me perfeitamente que você me media na parede todos os dias...eu cresci rápido! Bom prato, vivia rodeando o fogão de sua mulher, sendo sempre o primeiro a degustar das delícias de Dona Norma com a desculpa de precisar conferir pra ver se estava tudo direitinho.

No começo foi difícil. Os pais da moça que te cativou não aprovavam o casamento com um carcamano. Como eram inocentes! Se pudessem imaginar tudo que construiu com aquela linda professora...



Na foto: Mônica Amoroso (minha mãe) assoprando as velinhas, João Baptista Amoroso e Norma Amoroso logo atrás.


terça-feira, 16 de novembro de 2010


" - Abre a porta! Detesto quando você fica gritando...
- ...
- Você tem a chave? "

sábado, 4 de setembro de 2010

Moda íntima


Gosto de roupas


Gosto de cama


Gosto de roupas de cama


Gosto de roupas de cama de motivos florais


Gosto de motivos para dormir sem roupa.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O meu guri.

Hum...Posso dizer que queijo e vinho é um pecado digno para quem está a escrever seu primeiro post oficinal? Acho que sim!
Deixo aqui a interpretação que eu fiz de uma música do meu compositor preferido: Chico Buarque. E dedico ao meu grande amigo Roberto, por compartilhar comigo desta paixão.

O Meu Guri
Composição: Chico Buarque

Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar

Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
Como fui levando
Não sei lhe explicar
Fui assim levando
Ele a me levar
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega suado
E veloz do batente
Traz sempre um presente
Prá me encabular
Tanta corrente de ouro
Seu moço!
Que haja pescoço
Prá enfiar
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega no morro
Com carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Tá um horror
Eu consolo ele
Ele me consola
Boto ele no colo
Prá ele me ninar
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente
Seu moço!
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo eu não disse
Seu moço!
Ele disse que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí
Olha aí!
E o meu guri!…(3x)

Interpretação da música.
A letra da música, escrita por Chico Buarque, tem como eu-lírico uma mulher. Esta conta a história de seu filho para alguém (em todas as estrofes ela se refere ao ‘seu moço’, o que indica a relação entre ela e quem a escuta).
A vida da mãe junto ao seu filho é de miséria, ela não tinha condições de sustentá-lo (Já foi nascendo/Com cara de fome/Como fui levando/Não sei lhe explicar), a mãe não tem sequer documentos para registrar o filho e torná-lo cidadão perante o estado (E eu não tinha nem nome/Prá lhe dar). Os dois moram em favela (Chega no morro/Cá no alto)
Fica claro que o guri não quer continuar nessa situação de pobreza (E na sua meninice/Ele um dia me disse/Que chegava lá). Ele deseja objetos associados à riqueza, fama e dignidade tanto para ele quanto para a mãe: presente, bolsa, corrente de ouro. Nesses objetos estão embutidos os valores que ele busca.
Já na segunda estrofe inicia-se a transformação e o guri assume o seu fazer (Traz sempre um presente/Pra me Encabular/Tanta corrente de ouro/Seu moço/Que haja pescoço/Pra enfiar /Me trouxe uma bolsa/Já com tudo dentro/chave, caderneta/Terço e patuá) e transforma sua vida e a vida de sua mãe. Saem da miséria e anonimato (Um lenço e uma penca de documentos/Pra finalmente eu me identificar). Ele consegue tudo isso através de um elemento que fica implícito no texto da canção: o roubo. Essa idéia fica comprometida pelo usa da palavra ‘carregamento’ que possui uma carga semântica que, no jargão policial, significa/identifica o transporte de mercadorias ilegais ou contrabandeadas, ilícitas. E também pelo fato de ele trazer uma bolsa para sua mãe com tudo dentro, até documentos.

Se a mãe sabe ou não que o filho participa dessas atividades não fica claro. Existe uma dúvida se ela não sabe ou se prefere acreditar que ele tem um trabalho honesto (Chega suado/E veloz do batente /E o danado já foi trabalhar/Rezo até ele chegar/Cá no alto/Essa onda de assaltos/Tá um horror/ Eu não entendo essa gente/Seu moço!/Fazendo alvoroço demais).
Na quarta estrofe a história é finalizada. O menino morre (O guri no mato/Acho que tá rindo/Acho que tá lindo/De papo pro ar) , tudo indica que foi assassinado e noticiam sua morte em páginas policiais de um jornal. Os elementos colocados na letra indicam que ele é menor de idade (Chega estampado/Manchete, retrato/Com venda nos olhos/Legenda e as iniciais). A mãe conta e de certa forma se mostra orgulhosa (Ele disse que chegava lá).
Durante toda a música a mãe repete (Olha aí!/Ai o meu guri, olha aí), e essa repetição deixa, para quem escuta a música, uma sensação de que a mãe chama por seu filho de maneira orgulhosa durante toda a canção, como se quisesse dizer “esse é meu filho”.

Apresentação.

Um blog que tem por objetivo o retrato de uma mente (mesmo confusa) merece uma devida apresentação, lá vai:
Meu nome é Leticia Amoroso Gregio, 21. Curso Letras na Universidade Federal de São Paulo, a linguagem me cativa. Não tenho planos de vida longínquos, mas tenho sonhos como todos os mortais. A vida, para mim, é uma caixa de ovos. Melhor prestar atenção e carregar com cuidado, não queremos ficar sem omelete no final do dia.
Pretendo deixar aqui um pouco do que faço em meus dias, do que gosto, das minhas idéias, devaneios e talvez até delírios, quem está isento deles?